
Tangentes gemidos mudos no delírio profano das palavras
fragilidade de mãos em pétalas de chuva adornadas de sol
memória a mapear-me os olhos e a conduzir-me pelo braço,
algodão nos bolsos de silêncios à janela
cortinas de olhos costuradas de pequenas gentilezas fugazes
delírios de batimentos cardíacos na imensidão palpável das tuas complexas avenidas
estranhos encontros da alegria perante a extenuante velocidade da vida
folhas desdobram-se em acto de contrição com enfeites de flor nos girassóis dos imensos sorrisos
recíprocos momentos a sós onde (te) reinvento invento no irreparável mundo dos contrariados sentidos
consciente preambular entre as teias da verdade e a complacente virtude de olhar o mar com o coração nos olhos
um córrego apressado na opressão do meu pulsar e eu um anarquista do teu inebriante sorriso
E se te inventasse? E se nos inventasse (mos) aqui onde as mãos querem ser braços abraços
e os olhos delicadas flores para adornar te o cabelo com sopros de alma.
Zé Afonso