quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Se pudesse seria um pássaro a rondar campos de feno com cheiro de outono à porta revestido de folhas ultra coloridas a denunciarem mais uma passagem no calendário do tempo dos homens desavisados de relógio, mas com os sentidos na boca da alma.

Se pudesse seria apenas o vento nas eiras a espreitar segredos e a deixar rastros de sol nas mãos daqueles que nos querem bem e dos outros também.

Se pudesse seria os derradeiros tons de verão, ora quentes ora amenos que nos acenam com os olhos como se quisessem dizer adeus.

Se pudesse seria uma mera gota no deserto das palavras infindáveis que nos fertilizam a imaginação e que languidamente nos empurram para mais uma estação onde árvores despidas nos abraçam em silêncio.

Zé Afonso

12 comentários:

yin disse...

sabes, a quem amo eu nem sempre (raramente) sei perdoar, meu pecado...mas quero e vou conseguir melhorar...não sabes cuidar todos os dias, não te responsabilizas e és sensivel aos sentimentos de quem te ama diariamente...formula dificil de sucesso esta....
muda a musica é outono, adormece em doces melodias, quero te bem...bj

Vieira MCM disse...

Quem dera eu fechar os olhos e ser uma folha caída no Outono e vaguear nesses lugares encantados.
Adorei.

Abraço
Vieira MCM

Anónimo disse...

palavras que nos deixam sem palavras, Maria

Rosario Ferreira Alves disse...

Podes e és tudo isso... Um poeta como tu é uno com todas as coisas belas que vê e sente. Um sentir imenso, o teu.

beijinho Zé afonso!

Anónimo disse...

Podes ser...um pássaro...o vento...os derradeiros tons de verão...uma mera gota...
Podes ser...
Basta querer e querer é poder. Não te limites...! A vastidão é infinita. Coloca os olhos no horizonte e vê a linha que "une e separa" o mar e o céu; assim é a vida uma linha imaginária que ora nos une, ora nos separa; busquemos o tracejado. Daqueles que te querem bem ;)

Anónimo disse...

Lindo poema a lembrar-nos o desenrolar das estações. Adorei.

Maria João

Virgínia do Carmo disse...

Concordo com a Rosarinho, Zé.

Acabas de ser tudo isso. E eu acabo de sentir uma brisa a espreitar e a deixar rastros de sol nas minhas mãos.

Beijinho

Anónimo disse...

Escreves como quem se alimenta de leite materno, mas não sei se levas os sentimentos tão a sério quanto levas a tua escrita. Não sei mesmo se não o fazes para fugir da realidade? Não sei, vejo que nada sei e nunca soube.
Belo poema.Parece sentido.

Anónimo disse...

palavras ao vento,ditas sem sentimento. palavras prometidas e nunca cumpridas. quem és tu Zé Afonso,porque te escondes atrás de uma máscara que não te pertence? magoas o teu semelhante e andas por aí como se tudo tivesse sido em vão. para ti, palavras são como folhas de outono que o vento carrega sem esforço e sem sentido.

bulgari disse...

Palavras novas...precisam-se.

Anónimo disse...

...
eu vou mas é descansar
deixar tudo espairecer
entre os cantos de uma folha
tudo pode acontecer
...
só te quero dizer
...
gosto de ti

com todo o respeito ;)

Reis disse...

Zé: um poema espectacular a acompanhar uma fotografia excelente. Muito bons ambos (e vou "raptar" o poema para utilizar um dia mais tarde ...).

Um abraço.