invento as minhas dores
vagarosas como sombras na infinita teia das verdades
desprevenidos pensamentos sobreviventes
assaltam-me a memória emaranhada
desperto dei-me conta do intruso tempo em rasgos
descortinados de lucidez
meros golpes da lembrança
o mundo cheira-me a casa com flor de laranjeira
onde a noite realmente tem asas recosturadas a saliva
guardo então as minhas incógnitas ausências
e na gaveta das quatro estações da lua
renovo as ondas desfeitas e adormeço nas entranhas.
Zé Afonso
vagarosas como sombras na infinita teia das verdades
desprevenidos pensamentos sobreviventes
assaltam-me a memória emaranhada
desperto dei-me conta do intruso tempo em rasgos
descortinados de lucidez
meros golpes da lembrança
o mundo cheira-me a casa com flor de laranjeira
onde a noite realmente tem asas recosturadas a saliva
guardo então as minhas incógnitas ausências
e na gaveta das quatro estações da lua
renovo as ondas desfeitas e adormeço nas entranhas.
Zé Afonso
8 comentários:
Enquanto tu adormeces nas entranhas, nós, simples mortais encantamo-nos com as tuas doces palavras soltas! Belíssimo!
Att,
Alberta Cruz
Palavras perfumadas de poesia sempre nos fazem bem!Boa escolha!
Abraço
Joel Paes
Vi aqui que "Zé Afonso" não é um escritor e nem tem ambições para tal, mas que tu escreves maravilhosamente bem , isso não há como negá-lo!! Esta coisa a quem chamamos mundo virtual ainda me consegue surpreender, quando ao navegar por cá avisto blogues assim, onde na "vastidão do tempo" pessoas mostram tesouros.
Encantada,
Carina Araújo
Fiz-me ausente, mas já estou de volta e em "rasgos descortinados de lucidez" reforço que adoro ler-te!
Beijo
Escrever é esquecer. A literatura é a maneira mais agradável de ignorar a vida. A música embala, as artes visuais animam, as artes vivas (como a dança e a arte de representar) entretêm. A primeira, porém, afasta-se da vida por fazer dela um sono; as segundas, contudo, não se afastam da vida - umas porque usam de fórmulas visíveis e portanto vitais, outras porque vivem da mesma vida humana. Não é o caso da literatura. Essa simula a vida. Um romance é uma história do que nunca foi e um drama é um romance dado sem narrativa. Um poema é a expressão de ideias ou de sentimentos em linguagem que ninguém emprega, pois que ninguém fala em verso.
Fernando Pessoa
Os poetas inventam as dores e adormecem nas entranhas...
gostei poeta :-)
Beijo
A primeira estrela apontou o viajante
Qual é o caminho que leva à beira do mar
Mas três condições ele teria que cumprir para chegar
Ensinar a todos que pedissem seu caminho sem cobrar
Cada fruta boa que ele comesse ia plantar
E a terceira condição era um segredo que ele nunca quis contar
Mas o viajante quando chegou até o mar quis pegar a estrela
A quem resolvera amar
E a primeira estrela que amava o viajante jogou sua imagem
Na água sem pensar
E o que conta a lenda é que justo nesse instante nasceu a primeira
Estrela do mar
PS: adorei cada letra
PS: adorei a música
Quando uma rosa morre
Outra cresce em seu lugar
Para onde o rio corre
Não é sempre o mesmo mar.
O sentido é um desvio
E a verdade um acidente
Não é sempre o mesmo rio
Não é sempre a dor que sente.
Quando uma rosa morre
Outra lua se anuncia
Não é sempre a mesma luz
Nem o mesmo fim do dia.
O sentido é um desvio
E a verdade um acidente
Não é sempre o mesmo rio
Não é sempre a dor que sente.
Quando uma rosa morre...
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