domingo, 19 de setembro de 2010

muito longe de mim, mas completamente dentro de ti
perco me nas horas insensatas insanas do meu relógio de bolso
confunde me o luar do teu olhar
travessia deserta que ameniza as dores e desperta lágrimas de risos
em amores meramente convencionais perdidos
labirintos de oceanos...quem sabe
coisas doidas não sei mais
lágrimas legítimas de legítimos sorrisos banais no meio da solidão das avenidas
talvez murmúrios secretos suaves flutuantes
como a brisa no cabelo ou apenas o esguio vaivém da bailarina
um embriagado gemido entre os lençóis das quatro paredes
pouso rasante da gaivota no mar
espelho da persistência em partilhar
coisas profundas e tão reais

Zé Afonso
«foto gentilmente cedida por Rui Costa»

10 comentários:

Anónimo disse...

Espectacular o teu blogue! Lindo lindo lindo! Tens algum livro teu? Não consigo sair daqui agora!
Bem haja quem assim escreve! Continua, pois vou adorar perder-me por aqui!


Filipa Matos

Anónimo disse...

Olá Zé
Eu perco-me nas horas deste teu mar..."travessia deserta que ameniza as dores e desperta lágrimas de risos" simplesmente genial!
Foto fantástica.

Beijo

alma nua disse...

Hoje apetece-me escrever mais do que um breve comentário! Senti em mim uma necessidade extrema de “conhecer-te” melhor, de saber quem é realmente a pessoa por "detrás" das palavras...saber quem é realmente Zé Afonso? Será ele o tal “pássaro de sol”? Ou um “mero transeunte embriagado” por cada letra que escreve? Quem é a pessoa que escreve com a alma uma escrita que contempla o coração e os sentidos e nos deixa perplexos e admirados, pois escrever assim é digno de grandes homens!
Sabes que saberia reconhecer a tua escrita mesmo sem a tua assinatura? Saberia sim reconhecer uma escrita propriamente tua sempre recheada de metáforas e paradoxos! Saberia reconhecer a tal “solidão das avenidas”... e também todos os “risos de palhaço” em “sedutoras metamorfoses”! Sei reconhecer este SÓ TEU bailado de palavras soltas, mas tremendamente profundas. Um estilo capaz de diferenciar-te dos demais pela essência das palavras e pela forma como me alegras os dias com uma escrita genuína delicada e embutida de uma alma altruísta! Sei sim e saberia a qualquer momento reconhecer a simbiose perfeita entre palavras sons e imagens – tudo em concreta sintonia, sempre fantásticas escolhas que nos parecem sugerir até um possível titulo para tudo aquilo que acabamos de ler! Algo deveras magnífico neste teu canto ao qual dedico grande parte do meu dia mesmo quando o dever e a obrigação me chamam! Rs.
Quem és tu afinal? Tens algum livro ou livros publicados? És tu um autor conhecido que se esconde por trás de um pseudônimo?
Eis a pergunta que não quer calar – quem és tu Zé Afonso? És o poeta do encantamento na figura de um homem ou és tu simplesmente um “pássaro de fogo” que desce á terra para nos trazer sublimes palavras no bico? Palavras essas que nos fazem lembrar uma possível letra de Jorge Palma e até mesmo um estilo displicente de ser no “vislumbre” da vida!
Perdoa-me o desabafo, porém a total admiração e a minha infinita curiosidade levaram-me à ousadia deste extenso comentário! Insisto: diz-me afinal quem és tu que nos contempla com “palavras como se fossem beijos”?

Beijo

Zé Afonso disse...

Começo por agradecer todos os comentários aqui deixados, sejam eles elogios críticas desabafos ou sugestões. Confesso que não tenho por hábito responder aos mesmos, entretanto agora se faz necessário uma resposta mediante a curiosidade a meu respeito!;)
Quem sou eu então? Pergunta difícil e digna de inúmeras possíveis respostas, afinal nós como seres humanos pensantes podemos realmente ser muitos ao mesmo tempo, porém dir-te-ei apenas que Zé Afonso é o meu nome realmente e não um pseudônimo e que eu sou uma pessoa assim como tantas outras que ama a vida na sua plenitude e nas suas mais diversas formas entre momentos alegres e tristes entre a calmaria de uma suave brisa ou simplesmente o prenuncio de uma tempestade. Pauto a minha vida pelas horas em que me esqueço a percorrer as palavras e a evidenciar emoções, meros devaneios obviamente, onde as sílabas apenas salivam gestos em momentos de liberdade.
Enfim, eu vivo o quotidiano do dia a dia igual ao teu ou igual a tantos outros transeuntes. Não sou escritor e também não vivo das palavras, porém alimento-me de cada letra rasurada e rendo-me constantemente às mesmas! Não tenho nenhum livro editado. Este cantinho é feito de palavras soltas, meros e despretensiosos devaneios e alguns excertos de poemas que escrevo que não obedecem a critérios. Encaro desafios, mas sem qualquer linha de orientação, pois ”não me vendo por ideais nem por dinheiro” já dizia a canção!
Sou sim um amante da música aliada às palavras e às imagens que falam por si só. Admiro o Jorge, como músico e compositor e confesso que utilizo vários vídeos seus em alguns devaneios meus. Tudo o que é simples é imensamente bom. O Jorge possui a faceta de fazer da simplicidade um oceano de possibilidades, possui essa energia, algo que eu admiro! Todavia, semelhanças com ele? Quem sabe, no cinzeiro;) (brinco).
Espero, em parte, ter saciado a tua curiosidade ao “despir me” perante a tua alma. Sem querer parecer paradoxal todos nós somos uma incógnita e a vida é simplesmente (ouso o vaticínio) uma metáfora.

Atenciosamente

Zé Afonso

Anónimo disse...

As imagens são muito poderosas, mas as palavras são desconcertantes e atingem-nos directo no espírito distraido. Concordo contigo, "todos nós somos uma incognita" e por isso somos tão instigantes!
Beijo
Maria Luísa Lopes

Anónimo disse...

Lindas palavras em tom de bailado! Parabéns.

Abraços,
António Simão

Anónimo disse...

Escreves muito bem e muito sentido! Adorei passear por estas bandas. Fantástico.

Att,
Rita Ferreira

Mariana disse...

Sem dúvida há momentos nos quais, seja qual for a posição do corpo, a alma está de joelhos....

Anónimo disse...

Deixa-te de tretas, deves ser escritor conhecido, pois escreves bem pra carago!!!!

Abraços
Daniel Costa

Anónimo disse...

QUISERA EU QUE ALGUEM ESCREVESSE PARA MIM ASSIM...LINDO LINDO LINDO!

MARAVILHADA,
CAROLINA