quarta-feira, 16 de junho de 2010

Eis me aqui com as mãos cheias de vento
marcas que deixo no caminho
irracional prazer de escrever para ti
folhas no silêncio da alma
suaves lembranças nas retinas do olhar
mel de estrelas flores sorrisos rumo ao paraíso
Sussurro paredes à tua procura
ser desvairado em completo abandono
chuva de palavras em papéis amarrotados
e esquecido de mim
esperei por ti com girassóis nos olhos
inquietos acenos sem nexo
onde alinhavo mãos acesas de mar
eis me aqui, preso à tua colmeia
na aliviada marca das horas sem tempo
oh, como queria beijar te os olhos
e cada ansiado respirar

Zé Afonso

12 comentários:

yin disse...

"Pegou na folha de papel. Deu-lhe a forma de um barco.



Deu-lhe a ilusão de novas e perfeitas trajectórias. O clarão dos sonhos rente a uma desejada realidade. Noites onde o amor se afoga na febre dos corpos. Na textura das almas. Madrugadas sem charcos de sombra. E o simulacro de pousar no beiral da eternidade.

Deu-lhe medos. Minúsculas verdades. A angústia da posse fracassada. A incerteza cruzando-se com a tristeza nos semáforos dos dias. Um tempo que se infiltra de súbito silêncio. E a dor da mentira.



Tudo isto deu ao barco de papel . Apenas se esqueceu de lhe dar uma bússola de asas abertas com que o barco pudesse navegar virado para a vida."

yin disse...

bj ;)

yin disse...

Se as coisas são inatingíveis... ora!
Não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos se não fora
A mágica presença das estrelas!

Mario Quintana, Espelho Mágico


bj

Anónimo disse...

Este mundo é absolutamente surpreendente. Eis-me aqui a sorver cada palavra tua.

Anónimo disse...

"Começar a ler foi para mim como entrar num bosque pela primeira vez e encontrar-me, de repente, com todas as árvores, todas as flores, todos os pássaros. Quando fazes isso, o que te deslumbra é o conjunto. Não dizes: gosto desta árvore mais que das outras. Não, cada livro em que entrava, tomava-o como algo único."

Lindas, belissímas árvores por aqui encontrei.

alma nua disse...

Meu amigo
mais uma vez reitero orgulhosamente o teu estilo próprio e incofundível de usar as palavras, parece até um bailado da alma, algo intrínseco e profundamente teu! Com extrema facilidade soltas as palavras inundadas de sensualidade, porém repletas de imensa ternura.
Parece até que beijas as palavras com os olhos e delas "arrancas" os maiores sorrisos do mundo.
Adoro ler-te!

Beijo

Anónimo disse...

Quisera eu ser um desses desgovernados barquinhos de papel...
lindo!

Anónimo disse...

"Há presentes assim valiosos ...
o vento passa, mas nos refresca; a chuva vem e vai, mas sacia a terra. O importante mesmo não é a quantidade de tempo que as coisas ou pessoas duram, mas a riqueza que elas trazem à nossa alma, o amor que nos permitimos dar e o que aceitamos receber.

As dores das partidas definifivas são indizíveis, indefiníveis, mas que elas nunca nos impeçam de nos lembrar da vida compartilhada.

Que as lágrimas não nos impeçam de sorrir novamente um dia quando a dor for mais amena e as lembranças felizes começarem a voltar, como as flores no jardim a cada primavera."

Anónimo disse...

"...na aliviada marca das horas sem tempo"...eu agradeço a tua inspiração!Escreves com a alma e o coração na boca! Parabéns, és um ser iluminado e iluminas todos nós que te seguimos...as palavras!
Beijo

Unknown disse...

Obrigada pela tua visita. Gostei de conhecer este espaço e de me perder nas palavras...
um abraço
tulipa

Maria Azenha disse...

Aqui as palavras são barcos de água...


***
mariah

Anónimo disse...

"Uma paixão que não se casa com o amor é um barco sem mar. Permanece, para sempre, como uma idealização (e nada mais) e transforma-se num amor-perfeito que, em vez de nos encaminhar para outras paixões, nos persegue por dentro, e destrói (uma a uma) todas as novas relações, sendo esse o seu lado mais contagioso."

Eduardo Sá