quinta-feira, 10 de março de 2011


Tangentes gemidos mudos no delírio profano das palavras
fragilidade de mãos em pétalas de chuva adornadas de sol
memória a mapear-me os olhos e a conduzir-me pelo braço,
algodão nos bolsos de silêncios à janela
cortinas de olhos costuradas de pequenas gentilezas fugazes
delírios de batimentos cardíacos na imensidão palpável das tuas complexas avenidas
estranhos encontros da alegria perante a extenuante velocidade da vida
folhas desdobram-se em acto de contrição com enfeites de flor nos girassóis dos imensos sorrisos
recíprocos momentos a sós onde (te) reinvento invento no irreparável mundo dos contrariados sentidos
consciente preambular entre as teias da verdade e a complacente virtude de olhar o mar com o coração nos olhos
um córrego apressado na opressão do meu pulsar e eu um anarquista do teu inebriante sorriso
E se te inventasse? E se nos inventasse (mos) aqui onde as mãos querem ser braços abraços
e os olhos delicadas flores para adornar te o cabelo com sopros de alma.

Zé Afonso

10 comentários:

Rosario Ferreira Alves disse...

um caminho de sonho e ternura a pedir para ser inventado. e uma extrema sensibilidade em escolher as palavras que o ladeiam. florido, luminoso e belo. parabéns.

Beijinho


Rosário

Anónimo disse...

E porque não (re)inventar?!Afinal a existencia já por si é uma invençao..

Bj

Anónimo disse...

Perante este belo bailado de palavras, tiro o meu chapéu "onde as mãos querem ser braços abraços e os olhos delicadas flores para adornar te o cabelo com sopros de alma" ;)

Chinezzinha disse...

é tão belo este texto!
beijo

Vieira MCM disse...

Fico muda perante o delirio das palavras feitas pétalas, aqui reinventadas.
É o teu sopro da alma que nos adorna a nossa quando te lemos.
Parabéns, gosto imenso de ler os teus textos.

Abraço

Vieira MCM

Anónimo disse...

Meu amigo, fico extasiada, sempre que venho aqui. As tuas palavras embriagam qualquer alma. E fico de joelhos até ao teu voltar. Beijinhos ;)

Anónimo disse...

Espero que a vida te seja tão perfeita quanto as transparentes palavras que reinventas neste espaço muito próprio.
Votos de continuação.
Abraços
José Bonifácio

Sakura disse...

Este blog é fantástico!
Continuarei a vir aqui.
Um beijo

Virgínia do Carmo disse...

Poesia é a urgência de nos inventarmos.

[incessantemente]

Um beijo, Zé

ADRIANA GIL RODRIGUES disse...

Já não sonho, apenas sinto...